Setembro amarelo é o mês de falarmos sobre o amor à vida,
sobre prevenção ao suicídio. Estava lendo o livro Confiança cega, de Brennan
Manning e me deparei com esses trechos:
“A fé nasce da experiência pessoal com Jesus como Senhor. Esperança é o ato de acreditar na promessa de Jesus acompanhada pela expectativa de cumprimento. Confiança é o feliz casamento da fé com a esperança.”
“Fé + esperança = confiança.”
“A fé nasce da experiência pessoal com Jesus como Senhor. Esperança é o ato de acreditar na promessa de Jesus acompanhada pela expectativa de cumprimento. Confiança é o feliz casamento da fé com a esperança.”
“Fé + esperança = confiança.”
A experiência é fundamental para conhecermos Jesus. Sem ela,
não conseguimos colocar em prática o que lemos na bíblia. A leitura é
importante, mas a leitura pela leitura não garante nosso relacionamento com
Jesus Cristo. Quando andamos com Ele queremos mais, não nos contentamos apenas
com a leitura. A prática da confiança se dá quando realmente praticamos a fé e
a esperança.
E o que isso tem a ver com o setembro amarelo, suicídio,
valorização da vida?
Assim que li esses trechos, me lembrei do versículo de
Hebreus 11:1:
“A fé é a certeza
daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.
Pense que você está numa largada para enfrentar uma corrida.
É um caminho difícil, existem obstáculos, falhas, caminhos alternativos para
pegarmos atalhos, outros corredores que tentam nos atrapalhar, enfim, você pode
imaginar todos os problemas que existem nessa corrida porque ela representa a
sua vida, a sua jornada até aqui.
Nossos alvos na vida podem ser diferentes, dependendo do
ponto de vista. Na verdade, podemos ter vários alvos: sonhos, projetos,
desejos, cumprimento de pequenas metas; mas quando os alcançamos, é como se
fossem pequenas chegadas pela corrida, e logo depois delas há uma nova largada,
porque são alvos passageiros e não podem definir nosso ponto de chegada final. Precisamos
deles para viver, mas não podem ser nosso alvo principal. Nosso alvo principal
precisa ser o nosso Pai, Criador, que nos fez à sua imagem e semelhança. Deus
precisa ser o alvo e esse alvo é a continuação da vida eterna, com muito amor.
A nossa vida eterna não se inicia apenas quando chegamos correndo, exaustos, no
final da jornada, mas quando aceitamos viver com Jesus, essa vida eterna pode
começar em qualquer momento dessa corrida.
No meio dessa caminhada a gente sente fome, sede, cansaço e
há copos de água por esse caminho e stands para descansarmos. Os copos de água
são oferecidos por Jesus, e você não precisa pagar. Ele também te oferece uma
refeição deliciosa e uma cama para você descansar um pouco e recuperar as
forças para voltar à corrida. Tudo isso de graça e Jesus fica ao seu lado
sempre, te ajudando a permanecer firme porque está junto contigo nessa, Ele não
te deixa sozinho nunca, sabe das dificuldades pelas quais você passa por esse
caminho e corre ao seu lado para te ajudar a passar por todas elas. Além de te
ajudar, Jesus ainda te dá uma alegria e te fortalece a continuar, a não
desanimar.
“Se alguém tem sede,
venha a mim e beba” João 7:37
“Então Jesus declarou:
Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em
mim nunca terá sede” João 6:35
“Venham a mim, todos
os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” Mateus 11:28
“Por isso não tema,
pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o
ajudarei; eu o segurarei com a minha forte mão direita vitoriosa” Isaías 41:10
“Seja forte e
corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com
você por onde você andar” Josué 1:9
Você imaginou correr essa corrida sozinho? Imaginou
corrermos essa corrida pelas nossas próprias forças, sem saber exatamente o que
tem pela frente e sem ter noção do final da corrida e para onde estamos
correndo? Jesus nos diz que está conosco nesse caminho. Isso é um conforto
imenso, porque sabemos que Ele sabe tudo que vem pela frente e caminha ao nosso
lado, nos ajudando, dando forças, nos dizendo para termos coragem e não
desanimar. Isso tudo porque ele está com a gente.
Os copos d’água que Ele nos oferece podemos interpretar como
a fé. Nós não vemos o final da corrida, mas quem nos dá a água sabe e, por isso,
precisamos dessas doses de renovação de fé diária. A esperança que colocamos em
algo que não sabemos ao certo e que pode mudar ao longo de nossa vida pode nos
deixar confusos, talvez desanimados, sem muitas perspectivas. Mas Deus tem
perspectivas para nossa vida, alvos lindos pelo caminho e um alvo mais lindo
ainda ao final. A esperança em Deus produz em nós essa confiança de que Ele
está com a gente e que podemos continuar correndo, sem medo, porque sabemos que
estaremos com Ele desde agora e para sempre.
Seria muito complicado viver esse caminho pelas nossas
forças, sem esperança, não é? Muitas pessoas vivem assim e precisamos estar
atentos e juntos com elas também. Nós mesmos já podemos ter tido nossos
momentos de tristeza, mas encarar momentos constantes e frequentes contribui de
forma muito negativa na vida das pessoas que sofrem com isso. Deus nos diz que
precisamos viver em comunhão e que isso nos faz bem porque foi propósito Dele
ao nos criar, porque Ele vive em comunhão (Pai, Filho, Espírito Santo), e sabe
como é bom viver dessa forma.
“Como é bom e
agradável quando os irmãos convivem em união” Salmos 133:1
“Amem-se uns aos
outros. Como Eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos
saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” João
13:34-35
O setembro amarelo nos dá espaço para conversarmos sobre
depressão, que é a principal causa mundial de suicídio, juntamente com aspectos
culturais, regionais, sociodemográficos. Dentre os fatores de risco mundiais estão
tentativas anteriores de suicídio, doenças mentais (depressão e
abuso/dependência de álcool e drogas), ausência de apoio social, histórico de
suicídio na família, forte intenção suicida, eventos estressantes e
características sociodemográficas, como pobreza, desemprego e baixo nível
educacional. Já entre jovens brasileiros de 18 a 30 anos,
os principais fatores de risco são família de origem disfuncional,
instabilidade econômica, experiências de violência física/sexual, moradia em
comunidades violentas, condições insalubres de trabalho e comportamentos de
risco como uso de drogas e sexo desprotegido. Falando do nosso
país, na classificação mundial em relação aos dados registrados sobre números
de suicídio, nós estamos ocupando a 67ª posição e, em números absolutos,
estamos entre os 10 com mais suicídios registrados.
Os números nos chocam, mas, mais do
que números, são pessoas! São pessoas e são nossos semelhantes, pessoas que
podem estar vivendo ao nosso lado e que podem estar pensando em cometer
suicídio. É para chocar porque precisamos acordar para isso.
Um artigo
que comenta sobre um debate sociológico desencadeado por Durkheim mostra
que o suicídio tem uma dimensão individual e uma social. Na individual, o suicídio é considerado um distúrbio de saúde individual e
analisado por profissionais de saúde mental e pelas várias escolas de
psiquiatria e psicologia. Já na esfera social, é o resultado da pressão pela
ordem que a coesão social exerce sobre os indivíduos. Aqui, não se trata
de problemas individuais de saúde, mas de problemas sociais e econômicos.
Somos responsáveis em relação a
amarmos uns aos outros. Se pararmos para pensar, a esfera social interfere na
individual. Se analisarmos pela dimensão social do suicídio, veremos que
muitos fatores de risco podem ser evitados com amor, com apoio uns aos outros e
estamos falhando nisso. Estamos falhando em sermos sociedade, em sermos um
corpo, não estamos vivendo em comunhão e não estamos amando uns aos outros. Somos
criados para viver em comunhão, Deus nos fez assim e quando essa união é
quebrada ou não é construída, nos sentimos sozinhos, e esse sentimento de
solidão preenche nosso coração de uma forma que a única solução parece ser não
mais existir. Muitas pessoas sentem esse sentimento e esse desejo e precisamos
falar sobre isso, inclusive com quem pensa em retirar a própria vida. Não
podemos ignorar o fato de que pessoas tem escolhido esse caminho como solução.
Vimos que Deus está ao nosso lado e o amor Dele por nós é
tão grande. Ele não quer nos ver dessa forma. Ele não quer nos ver
marginalizando nosso próximo, nos colocando como superiores, ridicularizando,
destruindo sonhos, criando padrões sociais que segreguem grupos, enfim, o
propósito não era que vivêssemos pensando apenas em nós mesmos, mas sim no
próximo e na coletividade. Por isso, se você conhece alguém que está passando
por essa situação, não deixe de conversar, de ser amigo, de estar junto. Ouça.
Seja um bom ouvinte e ajude quem precisa. Se você está pensando em tirar sua
própria vida, não faça isso. Saiba que Deus te ama e que Ele está ao seu lado,
procure ajuda de um amigo próximo e converse sobre isso. Não se isole, não se
sinta sozinho, porque você não está. Se todos nós nos ajudarmos estaremos
colocando em prática o amor que Deus tem por nós. E esse amor é revolucionário,
Ele nos transforma e transforma nossas vidas, dando sentido à nossa existência
e nos ajudando a percorrer o difícil caminho.
Stéphanie Elise.
Referências:
Bíblia.
Confiança cega, de Brennan Manning.
Dados suicídio/tentativa geral (incidência, fator de risco,
perfil do suicida). Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e
2006 https://repositorio.observatoriodocuidado.org/bitstream/handle/handle/53/rbp.S1516-44462009000600007.pdf?sequence=2&isAllowed=y