sábado, 6 de outubro de 2018

Não me envergonho do evangelho


Alguns jovens decidiram se reunir para conversar sobre a bíblia...
- “Sério? Vocês não acham isso chato não?”
- “Nossa, mas se não tiver bebida não dá não, não tem graça nenhuma”
- “Prefiro ir pra outros lugares do que ficar conversando com um bando de gente que finge ser crente”

Essas são frases que eu já ouvi. Frases reais que são faladas quando digo que sou cristã e que me reúno para conversar sobre a palavra de Deus. Entretanto, isso é um bom sinal, porque a própria palavra de Deus nos diz:

"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês". Mateus 5:11,12

“Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês.” 1 Pedro 4:14

Eu estava lá com os jovens para conversar sobre a bíblia e falamos sobre Alegria, um dos frutos do Espírito. Os frutos do Espírito estão citados em Gálatas:

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” Gálatas 5:22,23

A alegria é um fruto porque ela é produzida à base da convivência com Deus. Existe a alegria sem Deus? Existe, mas ela não é a mesma quando temos Deus ao nosso lado. O vazio que a alegria mundana deixa após o momento clímax é muito grande. A alegria que vem de Deus não deixa esse vazio, porque ela não passa. Eu diria que essa alegria é a paz de Deus. Sabe aquela paz que excede todo o entendimento? Então, é essa paz que Deus nos dá e que produz em nós seu fruto, que é a alegria e essa, por sua vez, pode ser transbordada e alcançar outras pessoas ao nosso redor.

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” Filipenses 4:7

Quando pessoas dizem que outras coisas são mais interessantes e que outras são necessárias para que o encontro valha a pena, que é chato, que é mais legal aproveitar o tempo em outros lugares, é porque, provavelmente, essas pessoas não experimentaram essa paz, essa alegria que provém do Senhor. As pessoas podem nos influenciar se não tivermos firmes. Assim, é importante ter a comunhão com Deus e com irmãos em Cristo, porque isso nos fortalece e nos mantém unidos no mesmo propósito e essa alegria, que é sempre muito bem-vinda, pode frutificar no nosso meio e alcançar lugares onde cada jovem estará, porque quem produz esse fruto em nós está dentro de nós. Nós somos a morada do Espírito Santo e onde formos, Deus irá conosco e podemos mostrar ao mundo como é bom e agradável viver ao lado de Deus e como é bom e agradável quando irmãos em Cristo vivem em comunhão.

“Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos?” 1 Coríntios 6:19

“Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!” Salmos 133:1

Aproveitamos para compartilhar um momento alegre de nossas vidas e dei o meu testemunho de paz que senti e ainda sinto depois da minha cirurgia de coluna. Eu tinha um problema sério na coluna há anos e durante esse tempo fui tratando com paliativos e ao longo dos anos as dores foram ficando mais intensas a ponto de me deixarem sem condições de andar. Aquela dor já fazia parte de mim, desde a adolescência. Não sabia mais como era viver sem dor, mas orava a Deus para, que pela sua misericórdia, pudesse me curar. Cheguei ao ponto de ser submetida a um procedimento cirúrgico pelo avanço do problema de saúde. Toda minha família sempre orou a Deus e sentimos em todos os momentos a mão poderosa de Deus agindo: cuidando dos preparativos, da data da cirurgia, do médico e sua equipe, da minha família, da minha preocupação e ansiedade e hoje, em minha recuperação.
Estou sem dores e já havia me esquecido como era viver sem elas e sempre me lembro que Jesus levou sobre si as minhas dores na cruz e isso me alegra, me trás essa paz inexplicável.

“E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças". Mateus 8:17

Agradeço a Deus todos os dias por essa demonstração de amor e por cuidar de mim em cada detalhe. E é por isso que não me envergonho do evangelho. E é por isso que digo a todos que essa é a melhor alegria que podemos ter! Vale muito a pena!

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” Romanos 1:16

Stéphanie Elise

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Chega dessas coisas chatas todos os dias

Deixo aqui abaixo um texto que escrevi sobre uma cena lamentável que presenciei em setembro do ano passado. Que essa cena possa nos fazer ser pessoas melhores, que pensam no próximo como pensamos em nós mesmos.

“Hoje, quando voltava da faculdade, já na estação Uruguai, me deparei com uma cena que me deixou muito irritada, de verdade. A porta do metrô tinha sido aberta e as pessoas estavam tranquilamente entrando e saindo simultaneamente, como sempre. Entretanto, um homem, idoso, ao sair do metrô, esbarrou em uma moça, nova, que estava tentando entrar. Não foi descuido. Foi proposital. Ela começou a gritar, porque havia sido quase jogada no chão pela força do empurrão do homem. Sua amiga a ajudava nos gritos desesperados de mulheres que não aguentam mais serem vítimas de violência e nada acontecer a seu favor. O homem não virou. Continuou andando, calmamente, seguindo seu caminho, como se nada tivesse acontecido. Não pediu desculpas. Nenhum sinal de arrependimento. Foi proposital. Senti tanta raiva naquele momento. Ninguém prestou ajuda, a menina foi vítima de um empurrão “desnecessário”, não que outros sejam, mas aquilo foi ridículo! Não tinha necessidade. Se ele queria espaço para sair, ele tinha, não era esse o problema. Porque ele não se virou e pediu desculpas? Porque a violência contra a mulher, contra o ser humano está tão normal, que não é necessário... porque ele a empurrou? Talvez por ela ser negra? Ah é, esqueci desse detalhe, né? Como se fosse sempre uma justificativa para essas cenas lamentáveis. Ela era negra. Ah, esqueci de mais um detalhe! Havia mulheres brancas também naquele tumulto para entrar no metrô. Porque ele escolheu essa menina negra pra ser sua vítima? Nada justifica o que vi hoje. Para piorar, nenhum segurança do metrô ou qualquer outra pessoa foi ver o que estava acontecendo. Ninguém perguntou se a menina tinha se machucado. Nenhuma humanidade. Fiquei realmente indignada com essa cena e como ela foi vista como normal pelas pessoas ao redor, porque, afinal de contas, ninguém mexeu um dedo para nada naquele lugar. Agora, uma pergunta pra gente refletir: se eu tivesse, por acaso (e era minha vontade, sério), dado um chute “sem querer” ou um empurrão naquele homem, será que as reações seriam diferentes? Será que alguém ligaria? Afinal, eu estaria batendo em um senhor indefeso, né? Que estava somente querendo chegar ao seu destino e foi interrompido por um empurrãozinho. Ah, pelo amor, né?! Fiquei e ainda estou indignada. Só não consegui falar com a menina porque a porta do metrô fechou. A última cena que vi foi a menina gritando dentro do metrô, com sua amiga, solidária, que também era negra e sente o que ela sente. Compaixão. Vamos ser mais humanos, por favor? Chega dessas coisas chatas todos os dias.”

Stéphanie Elise